Television



Há uma banda chamada Television, erroneamente (ou não) associada aos inícios do movimento punk na América (EUA), bandaesta responsável por uma obra-prima da cultura pop alternativa/obscura do século vinte: uma longa música que transborda de maneirismos deliciosamente barrocos chamada Marquee Moon, que tem tanto de punk como qualquer música dos Doors.


Longas músicas que não devemos menosprezar: This is Hardcore (Pulp) e The Sky Was Pink (Nathan Fake).



Mas quando intitulei este post de Television, queria ater-me ao objecto em si e a programas que transmite, que são, na verdade, o mais importante. Por si só, uma televisão-objecto só é interessante (desligada) naquele caso da JVC Videosphere, sendo que as imagens que constantemente são recebidas pelos aparelhos, provenientes de uma míriade de canais, são realmente o objecto de estudo de uma hipotética cadeira de Cultura VHF/UHF Contemporânea.


Só quando se sobe a Rua do Carmo se tem a noção do que estava a falar o António Manuel Ribeiro na música homónima dos UHF. Cada vez que a subo dou por mim a cantarolar a´melodia interiormente.


No que toca a pérolas televisivas deste Verão, o qual, quando não estava totalmente isolado de ambientes providos de electricidade, passei em frente ao ecrã, devo menosprezar produtos como Salve-se Quem Puder ou TGV, e elogiar a reprise em formato maratona (domingo, 6 de Setembro) de Um Mundo Catita (por momentos pensei que o Manuel João Vieira tinha morrido, pois aquando do desaparecimento do inadjectivável Raúl Solnado houve uma avalanche de repescagens dignas da RTP Memória; Afinal descobri que havia motivos de luto na família Vieira, mas por causa do João Vieira pai, pintor indispensável).



Também comédia é a série 30 Rock, em boa hora transmitida de segunda a sexta em dose dupla (todas as coisas boas deviam vir assim aos pares, como as cerejas). Tina Fey reina. Reina ao lado de Alec Baldwin e sobre uma corte de impagáveis personagens secundárias que destilam tonéis de humor gozando consigo mesmos e com as instituições que lhes pagam os ordenados (NBC e GE).




Num registo não totalmente isento de comédia, mas mais dedicado à investigação criminal, está a série Bones. Talvez uma das poucas séries do género, ao lado da mui aguardada NCIS, qu vale a pena acompanhar. É fácil perceber o que nos seduz: a relação ambígua entre Bones e Booth, uma cientista que faz parelha com um agente do FBI. A situação traz-nos à memória Dana Scully e Fox Mulder em X-Files, mas não é por falta de originalidade neste campo que Bones perde pontos. Antes cria uma situação de tensão que nos prende e nos motiva a acompanhar a evolução da relação entre as duas personagens. Aliás, a série vive das relações entre as personagens, algo que não é explorado de forma tão profunda e convincente em qualquer das franchises de CSI.



O futebol voltou também à televisão, trazendo as tristezas da seleção e as euforias do Benfica. A ver o que os guionistas nos reservam para o resto da temporada. Os próximos episódios serão premonitórios para o desenlace do trama, esperando os autores que no segundo caso haja finais. Finais felizes.

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