Ossos do Ofício - excerto



A rua estava apinhada, como de costume, e a tarefa de a atravessar parecia uma missão impossível. Senti os ossos ranger quando media a distância para a passadeira: 20 metros (no mínimo). Teria que atravessar fora dela, 2 faixas de rodagem, num só sentido. Esperei uns bons 9 minutos até detectar um espaço entre os carros que passavam e aqueles que pararam na passadeira. Felizmente um grupo de turistas japoneses decidira atravessar a rua em cadência lenta. Era a minha grande oportunidade. Quem me visse pensaria tratar-se de um paralítico. Se estendesse a mão e murmurasse umas palavras de súplica, era bem capaz de receber uma moeda de um transeunte mais distraído, que não reparasse no fato e gravata!

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