E foi assim que matei o filho da puta (excerto)

(...)
domingo, 12:23

Então… Ontem à noite encontrei-me com o Mauricinho para uns copos. Um copo, apenas, devia ter sido, porque hoje tive de me levantar às 10. Mas já devia saber como são as coisas quando eu e o Maurício vamos tomar um copo juntos. Transforma-se tudo numa longa noite de vinho, cerveja e whisky, combustíveis primários para a corrida interminável que é a nossa fuga àquele normal estádio de consciência que tanto nos parece aborrecer.
Eu bem lhe disse que tinha de trabalhar hoje, mas ele pareceu não fazer caso. Eu também não devo ter insistido muito. Logo após os primeiros copos de vinho do porto, ele percebeu que eu me ia deixar levar se ele forçasse um pouco. Apenas disse que não às primeiras investidas por descargo de consciência. Quando comecei a beber whisky, logo me libertei o suficiente para desejar que a noite não acabasse.
O café onde estávamos fechou às 3 da manhã. Saímos de lá bem encharcados e, pensei eu, dirigíamo-nos para casa, até chegarmos à entrada para a auto-estrada e o Maurício começar a abrandar e a dar o pisca para a direita.
— É para ir, não é – ele perguntou-me. Uma pergunta retórica.
— Claro, estás à espera de quê?
— Pensei que ias trabalhar amanhã.
— E vou.
E vim.
(...)

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