Quando penso em escrever algo sobre Ian McEwan, esse vulto enorme da literatura moderna, não concebo falar da sua obra globalmente. Antes tenho como obrigação moral e sentimental falar sobre cada livro de forma isolada, tamanha importância tem cada um deles na minha vida enquanto leitor (dos que li, quase todos, apenas Amsterdão me desiludiu).
A obra das obras, aquela que me introduziu a McEwan e me induziu a vontade de ler todas as outras, foi Jardim de Cimento. Quem já leu este livro sabe do que eu estou a falar quando digo que é absolutamente apaixonante, apesar da temática e do enredo serem de facto constrangedores. Não ficamos, porém, tão perturbados quanto fascinados pela natureza humana e seus limites (?) na fase da adolescência, quando lemos a história de quatro irmãos (Julie, 17, Jack, 15, Sue, 12, e Tom, 5 anos) que perdem o pai, inicialmente, e depois a mãe, cujo corpo escondem de forma abominável, passando a depender apenas de si próprios.
As circunstâncias permitem-lhes viver à margem das leis morais da sociedade, e a liberdade que têm é fatal, para o bem e para o mal, na viagem de auto-descoberta que farão. Por outro lado, os fortes laços que unem os quatro irmãos desencadearão estranhas promiscuidades e comportamentos desviantes, que eventualmente serão descobertos e expostos ao exterior, terminando num clímax final inesquecível.
A adaptação a cinema (1993) conta com Charlotte Gainsbourg como a filha mais velha, Julie...
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