Svensson costumava pensar nisso quando tomava o duche no final das oito horas de trabalho diário, não tanto com a preocupação de se inteirar sobre as consequências da falta de higiene, mas, porventura, como forma de passar o tempo, e, quem sabe, ter um pretexto sério para não falhar um acto que lhe daria mais prazer na banheira da sua casa, e não ali, naquele ambiente impessoal e, acima de tudo, intimidante. Não era a nudez masculina que o chocava, mas mais particularmente as acções de dois ou três operários que usavam o tempo no duche para se digladiarem em estúpidas brincadeiras infantis, empurrando-se uns aos outros contra as paredes brancas e azulejadas. Um começava por atirar o sabonete de outro para o chão e, enquanto este se baixava para o apanhar, logo outro o pontapeava no rabo, rindo-se pateticamente, e, quando Svensson dava por ela, todos eles se apertavam promiscuamente, lançando para o ar palavras próprias de adolescentes em estado de afirmação. Era frequente que acabassem o duche caídos no chão, rebolando-se de uma forma que nada tinha de erótico ou sexual, mas que denotava um regresso a uma infância longínqua.
Era pois como crianças grandes que Svensson via a maior parte dos seus companheiros de trabalho, lançando-lhes olhares de desprezo e, muitas vezes, gritando-lhes para que saíssem da sua frente quando, enojado da situação que se lhe apresentava, queria sair do espaço dos chuveiros.
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