― Cara de cu!, acorda, temos de ir.
Abri os olhos e vi quem estava a dizer aquilo: O mesmo cabrão que ontem à noite me abandonou e foi ter com uma gaja qualquer que conhecemos há umas horas atrás. Era só isso que ele significava para mim naquele momento. Yá, ele é meu irmão, tá bem, e temos de nos meter no carro o mais rápido possível para chegar a casa a tempo, mas os irmãos têm aquela cena de ser irmãos, que é mais forte do que ser amigos! E os amigos não discutem por causa de uma gaja, quanto mais os irmãos!
― Ontem fui para a tenda da gaja – diz ele.
― Sim? E depois? – eu não me podia interessar menos.
― Deixei lá a minha camisola… Agora é que estou a ver.
Levantei-me e fui dar uma mija. Os irmãos não deviam discutir por causa de gajas. Tá bem que não chegámos a discutir, mas isso foi porque eu deixei que ele ficasse com ela. Ela também não era muito o meu estilo. Problemas a mais e mamas a menos. Para bem dele, só espero que o sexo tenha sido aceitável.
Eram 5 da tarde quando a engatámos. Sim, porque eu e o meu irmão vamos juntos às gajas. Ela passou por nós e eu mandei a boca. Qualquer coisa tipo “Olá sorriso bonito!”, não me lembro bem, estávamos muito bêbedos. Ela também estava, acho eu, de modos que olhou logo para trás e sorriu.
― Ela riu-se para nós! – disse o meu irmão, levantando a garrafa de cerveja bem alto.
― Claro que se riu, seu idiota, vamos atrás dela, anda daí!
Levantámo-nos e fomos atrás dela. Ela sorria. Estava à nossa espera uns metros à frente. Ou isso ou estava a admirar a paisagem.
Mas dois irmãos não devem discutir por causa de uma gaja. Isso é o que eu penso. A sério que penso. E é o que o meu irmão me diz, e eu também lhe digo a ele. Mas acho que ele só diz isso quando a gaja não se interessa por ele. Mas esta aqui não caía nem para um lado nem para o outro. Tanto se fazia a ele como a mim. Vê-se que estava com o cio, ou lá o que é. Um de nós ia ter coisa. Não digo os dois, porque uma vez tentamos a três com uma gaja e foi tão esquiso ter o meu irmão ali nu a meu lado, a trepar para a mesma gaja que eu… A meio perdi a tusa e vesti-me. Quando o meu irmão acabou veio cá fora ter comigo e disse “Esquisito, não é?”. A cena é que, para ele, pode ser esquisito, mas continua na mesma. Eu já não sou assim.
Na verdade, a tal gaja estava à nossa espera, porque disse “Olá rapazes!” E riu-se. Eu olhei para o meu irmão, ele olhou para mim, e acho que os dois estávamos a pensar o mesmo. Aquela era certa. Começou a paquerar comigo, depois com ele, e de novo comigo. A certa altura engatei numa conversa com ela. Parece que ela é prima de um amigo meu da tropa. Foi uma coincidência mesmo, descobrir. Perguntei-lhe de onde era e ela disse da Madeira. “Porto Santo?” arrisquei, e ela disse que sim: “Como é que adivinhaste?”
― O sotaque é único. Tenho ouvido para essas coisas.
Claro que não tinha nada, disse aquilo porque a única pessoa madeirense que conhecia era o Teixeira da tropa.
― Deves conhecer o Teixeira – perguntei-lhe. Aquilo no Porto Santo deve ser uma aldeia pequena, e todos se conhecem nas aldeias. E nas conversas com gajas que conhecemos mal, temos de perguntar por coisas que elas conheçam ou se interessem. Não podemos logo começar a falar sobre o que gostamos, senão elas cagam para nós. Quem é a gaja que gosta de futebol e carros e gajas? Se houver uma assim, de certeza que não a quero para nada.
Bem, a cena é que ela disse: “Teixeira! Eu sou Teixeira!”
E eu logo, “Olhei para ti e topei que tinhas uma cara parecida com o Teixeira”. O que é mentira. Ela não se parecia nada com o Teixeira. Ele é um gajo alto e moreno, ela é baixa e alourada.
― Como é que se chama esse Teixeira que conheces de Porto Santo? Qual é o primeiro nome dele?
― Nuno – disse eu – acho que é Nuno. Alto, moreno…
― Esse é o meu primo Nuno!! Uau, que coincidência.
E foi a partir daí que começou a falar comigo da vida dela e eu a achar interessante um monte de merdas chatas. O que um gajo tem de fazer.
O meu irmão é que viu o espaço dele a ficar apertado e começou a dizer para irmos para outro sítio, ou para ir comprar cerveja, não me lembro. Bem, eu continuei a levar com a gaja e os problemas dela com a droga e os ex-namorados e cenas assim. Quando nos sentamos na esplanada colei-me a ela e o meu irmão ficou de frente para mim. Ele é um cabrãozito. Não desiste. Enquanto eu não a tiver nas minhas mãos, ele fica sempre à espera que me distraia. É um jogo que ele domina bem.
Quando me levantei para ir pedir mais cerveja, o meu irmão saltou logo para o lado dela e a mão dele começou a trepar por ela acima. Não sei como é que ele consegue estas coisas. Não pode ser por ser mais bonito que eu, afinal somos gémeos! Sentei-me em frente a eles e comecei a ver o filme. Quando ela foi à casa de banho perguntei-lhe:
― Já a tens na mão?
― Achas que sim maninho? Não tenho nem sequer desejo tê-la. Topei que ela está mais interessada em ti, há pouco bateu-te um coro de meia hora!
Olhei-o de lado e comecei a rir-me. Ele riu-se também e veio abraçar-me: “Não podemos deixar que uma gaja se meta no meio de nós”. Eu pensei “já tentámos e não correu bem”.
A gaja chegou e disse que tinha de ir jantar com os pais, mas que lá para as 10 estava livre. Dissemos “yá, tudo bem”, mas ela apenas olhou para o meu irmão quando disse “Aqui às 10?”. Ele não fez mais que abanar com a cabeça e ela piscou-lhe o olho como resposta.
― Acreditas agora que já a tens na mão?
― Não tenho nem quero! – disse ele muito sério.
No fim de jantar só me disse que ia comprar tabaco e que vinha já.
Só o vi na manhã seguinte.
Abri os olhos e vi quem estava a dizer aquilo: O mesmo cabrão que ontem à noite me abandonou e foi ter com uma gaja qualquer que conhecemos há umas horas atrás. Era só isso que ele significava para mim naquele momento. Yá, ele é meu irmão, tá bem, e temos de nos meter no carro o mais rápido possível para chegar a casa a tempo, mas os irmãos têm aquela cena de ser irmãos, que é mais forte do que ser amigos! E os amigos não discutem por causa de uma gaja, quanto mais os irmãos!
― Ontem fui para a tenda da gaja – diz ele.
― Sim? E depois? – eu não me podia interessar menos.
― Deixei lá a minha camisola… Agora é que estou a ver.
Levantei-me e fui dar uma mija. Os irmãos não deviam discutir por causa de gajas. Tá bem que não chegámos a discutir, mas isso foi porque eu deixei que ele ficasse com ela. Ela também não era muito o meu estilo. Problemas a mais e mamas a menos. Para bem dele, só espero que o sexo tenha sido aceitável.
Eram 5 da tarde quando a engatámos. Sim, porque eu e o meu irmão vamos juntos às gajas. Ela passou por nós e eu mandei a boca. Qualquer coisa tipo “Olá sorriso bonito!”, não me lembro bem, estávamos muito bêbedos. Ela também estava, acho eu, de modos que olhou logo para trás e sorriu.
― Ela riu-se para nós! – disse o meu irmão, levantando a garrafa de cerveja bem alto.
― Claro que se riu, seu idiota, vamos atrás dela, anda daí!
Levantámo-nos e fomos atrás dela. Ela sorria. Estava à nossa espera uns metros à frente. Ou isso ou estava a admirar a paisagem.
Mas dois irmãos não devem discutir por causa de uma gaja. Isso é o que eu penso. A sério que penso. E é o que o meu irmão me diz, e eu também lhe digo a ele. Mas acho que ele só diz isso quando a gaja não se interessa por ele. Mas esta aqui não caía nem para um lado nem para o outro. Tanto se fazia a ele como a mim. Vê-se que estava com o cio, ou lá o que é. Um de nós ia ter coisa. Não digo os dois, porque uma vez tentamos a três com uma gaja e foi tão esquiso ter o meu irmão ali nu a meu lado, a trepar para a mesma gaja que eu… A meio perdi a tusa e vesti-me. Quando o meu irmão acabou veio cá fora ter comigo e disse “Esquisito, não é?”. A cena é que, para ele, pode ser esquisito, mas continua na mesma. Eu já não sou assim.
Na verdade, a tal gaja estava à nossa espera, porque disse “Olá rapazes!” E riu-se. Eu olhei para o meu irmão, ele olhou para mim, e acho que os dois estávamos a pensar o mesmo. Aquela era certa. Começou a paquerar comigo, depois com ele, e de novo comigo. A certa altura engatei numa conversa com ela. Parece que ela é prima de um amigo meu da tropa. Foi uma coincidência mesmo, descobrir. Perguntei-lhe de onde era e ela disse da Madeira. “Porto Santo?” arrisquei, e ela disse que sim: “Como é que adivinhaste?”
― O sotaque é único. Tenho ouvido para essas coisas.
Claro que não tinha nada, disse aquilo porque a única pessoa madeirense que conhecia era o Teixeira da tropa.
― Deves conhecer o Teixeira – perguntei-lhe. Aquilo no Porto Santo deve ser uma aldeia pequena, e todos se conhecem nas aldeias. E nas conversas com gajas que conhecemos mal, temos de perguntar por coisas que elas conheçam ou se interessem. Não podemos logo começar a falar sobre o que gostamos, senão elas cagam para nós. Quem é a gaja que gosta de futebol e carros e gajas? Se houver uma assim, de certeza que não a quero para nada.
Bem, a cena é que ela disse: “Teixeira! Eu sou Teixeira!”
E eu logo, “Olhei para ti e topei que tinhas uma cara parecida com o Teixeira”. O que é mentira. Ela não se parecia nada com o Teixeira. Ele é um gajo alto e moreno, ela é baixa e alourada.
― Como é que se chama esse Teixeira que conheces de Porto Santo? Qual é o primeiro nome dele?
― Nuno – disse eu – acho que é Nuno. Alto, moreno…
― Esse é o meu primo Nuno!! Uau, que coincidência.
E foi a partir daí que começou a falar comigo da vida dela e eu a achar interessante um monte de merdas chatas. O que um gajo tem de fazer.
O meu irmão é que viu o espaço dele a ficar apertado e começou a dizer para irmos para outro sítio, ou para ir comprar cerveja, não me lembro. Bem, eu continuei a levar com a gaja e os problemas dela com a droga e os ex-namorados e cenas assim. Quando nos sentamos na esplanada colei-me a ela e o meu irmão ficou de frente para mim. Ele é um cabrãozito. Não desiste. Enquanto eu não a tiver nas minhas mãos, ele fica sempre à espera que me distraia. É um jogo que ele domina bem.
Quando me levantei para ir pedir mais cerveja, o meu irmão saltou logo para o lado dela e a mão dele começou a trepar por ela acima. Não sei como é que ele consegue estas coisas. Não pode ser por ser mais bonito que eu, afinal somos gémeos! Sentei-me em frente a eles e comecei a ver o filme. Quando ela foi à casa de banho perguntei-lhe:
― Já a tens na mão?
― Achas que sim maninho? Não tenho nem sequer desejo tê-la. Topei que ela está mais interessada em ti, há pouco bateu-te um coro de meia hora!
Olhei-o de lado e comecei a rir-me. Ele riu-se também e veio abraçar-me: “Não podemos deixar que uma gaja se meta no meio de nós”. Eu pensei “já tentámos e não correu bem”.
A gaja chegou e disse que tinha de ir jantar com os pais, mas que lá para as 10 estava livre. Dissemos “yá, tudo bem”, mas ela apenas olhou para o meu irmão quando disse “Aqui às 10?”. Ele não fez mais que abanar com a cabeça e ela piscou-lhe o olho como resposta.
― Acreditas agora que já a tens na mão?
― Não tenho nem quero! – disse ele muito sério.
No fim de jantar só me disse que ia comprar tabaco e que vinha já.
Só o vi na manhã seguinte.
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